+ Silvicultura

Data: 06/11/2013

Mesmo para um observador comum não é difícil distinguir uma floresta natural de uma floresta plantada, porém, quando se fala em silvicultura, muita gente fica na dúvida com relação ao seu significado. E é natural que seja assim, pois, não faz muito tempo que a silvicultura ganhou espaço na mídia e nos debates que envolvem demanda de madeira, meio ambiente e benefícios sociais.

Numa conceituação formal, pode-se definir silvicultura como a ciência dedicada ao estudo de métodos de implantação e manutenção dos povoamentos florestais com vistas a atender às demandas do mercado. Numa definição bem prática, a silvicultura pode ser entendida como o cultivo de árvores para os mais diversos fins.

Plantar árvores parece ser uma atividade bem simples, e realmente é, quando se plantam uma ou duas mudas no fundo do quintal. Porém, quando se refere a um empreendimento florestal de larga escala com fins industriais ou a um projeto de arborização urbana, a silvicultura requer muito conhecimento técnico e, sobretudo, planejamento meticuloso.

No Brasil, a silvicultura sistematizada envolve principalmente as espécies do gênero Eucalyptus, do gênero Pinus e, mais recentemente, a Toona ciliata, originária da Austrália e aqui conhecida como cedro australiano. A teca da Índia (Tectona grandis) já é plantada há algum tempo, sobretudo nos estados de Mato Grosso, Amazonas e Acre. No Rio Grande do Sul, a espécie exótica mais plantada é a acácia negra (Acacia mearnsii), da qual se utilizam a madeira e casca, sendo que, desta, extraem-se taninos utilizados na curtição de couro. Com exceção da teca, todas as latifoliadas mencionadas aqui são, coincidentemente, originárias do continente australiano e ilhas adjacentes.

Entre as essências brasileiras plantadas comercialmente merecem destaque o pinheiro do Paraná (Araucária angustifolia) e o paricá (Schizolobium amazonicum), havendo ainda plantios incipientes de mogno (Swietenia macrophylla) e guanandi (Calophyllum brasiliense). No entanto, as maiores plantações são mesmo de eucaliptos que já ocupam no Brasil uma área total de 4,87 milhões de hectares. Os pínus ficam em segundo lugar, com 1,64 milhão.

O Eucalipto no Brasil

Os primeiros estudos de silvicultura dos eucaliptos iniciaram-se no Brasil bem no início do século XX, quando o engenheiro silvicultor Edmundo Navarro de Andrade iniciou os testes comparativos entre eles e as espécies arbóreas nacionais. Por ser uma árvore de rápido crescimento e de fácil adaptação às mais diferentes condições de solo e clima, o eucalipto plantado tornou-se uma alternativa racional contra a devastação das florestas nativas. Hoje, os maciços florestais desse gênero são destinados à produção de carvão vegetal para a indústria siderúrgica e de ferroligas, para produção de celulose, papel, chapas de aglomerado e ainda, produtos de limpeza, aromatizantes e medicamentos. Completando seu papel de protetor racional das florestas nativas, cresce a cada dia o uso da madeira serrada proveniente dessas plantações florestais.

A entrada dos eucaliptos no atraente mercado da celulose representou um avanço sem precedentes para a indústria brasileira e abriu as portas a novos empreendimentos no setor. O resultado é que o Brasil é hoje o maior produtor mundial de celulose de fibra curta, com um montante de 14,16 milhões de toneladas produzidas, das quais 8,37 milhões foram exportadas em 2010.

Fato sobejamente conhecido é que o Brasil, onde a silvicultura empresarial é relativamente recente, detém hoje os maiores rendimentos florestais do mundo.

Em Minas Gerais, o primeiro plantio comercial de eucalipto foi realizado pela Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira (atualmente Arcelor Mittal), no município de Santa Bárbara, em 1949. Ainda hoje o estado detém a maior área de florestas plantadas do Brasil com 1.477,2 mil hectares dos quais, 1.401,8 mil são formados por eucaliptos e 75,4 mil por pínus.

Os eucaliptos aqui destinam-se principalmente à produção de carvão vegetal, mas os plantios para celulose e chapas de aglomerados são também significativos. Crescem muito também os plantios por produtores rurais que veem nos eucaliptos uma boa fonte de renda adicional para suas propriedades. Essa madeira é vendida para escoramento na construção civil, lenha “in natura”, usina de tratamento de mourões, esteios, postes de eletrificação e, por fim, para serrarias.

Benefícios da Silvicultura

As plantações florestais trazem benefícios ambientais, econômicos e sociais. Plantar florestas constitui uma maneira eficiente de proteger as matas nativas. Cada hectare de florestas plantadas de alto rendimento produz madeira equivalente a 10 hectares de floresta nativa em regime de manejo sustentável. Entre os benefícios econômicos e sociais inclui-se, principalmente, a geração de impostos e empregos. Conforme indicam os dados da Associação Mineira de Silvicultura, a atividade florestal gera em Minas Gerais cerca de 76,5 mil empregos diretos e permanentes. Incluindo-se os empregos indiretos e o chamado efeito-renda, os beneficiados chegam a 300 mil.

Uma grande evidência desses benefícios pode ser observada no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios onde a silvicultura é praticada com mais intensidade. Nesses municípios o IDH cresceu, em 10 anos, cerca de 17%, contra 10,9% do estado de Minas Gerais como um todo.

Plantios futuros

Os plantios de florestas comerciais em Minas Gerais sistematicamente de 1999 a 2008. Naquele ano foram plantados aqui cerca de 35 mil hectares, ao passo que, em 2008 os plantios atingiram a marca de 200 mil ha, dos quais, 145 mil apenas para energia (carvão vegetal). Com redução geral das atividades econômicas no final de 2008, a área de plantio anual reduziu-se também para 130 mil ha em 2009 e 2010, voltando a crescer em 2011, quando foram plantadas 143 mil ha,

A Lei 18.365 de 01 de setembro de 2009 determina que a partir de 2018, as empresas só poderão consumir 5,0% de carvão originário de vegetação nativa. Portanto, os consumidores não podem se descuidar da formação suas reservas florestais. Essa lei sinaliza também que não faltará mercado para plantadores de eucalipto independentes.

Em resumo:

As plantações florestais:

- Suprem a necessidade de madeira e derivados;
- Melhoram a qualidade do ar;
- Amenizam a temperatura ambiente;
- Constituem fontes de energia limpa e renovável;
- Diminuem o efeito-estufa;
- Constituem fontes de empregos, impostos e divisas;
- Melhoram as condições socioeconômicas de uma região.

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